2 de setembro de 2011

Pérolas

Existem momentos que só por si valem toda uma existência.

Lembro-me de um amigo me contar que certa vez, ele muito pequeno ainda, talvez uma das suas primeiras memórias, nao sei, que na terra dos pais presenciou um acontecimento que eu teria naquele momento pagado para ver.

Talvez contado assim nao vos pareça nada de mais, e nao o é na verdade, parece mais estupidez que outra coisa, e na verdade é-lo, mas o meu pensamento nostálgico foi "Já nao existem pérolas assim!"

Ele contou-me que na terra dos seus pais, certo dia, chegou a electricidade! E depois de ter surgido a electricidade nessa regiao remota surgiu, como de esperar, a primeira lâmpada.
E a sua memória, criança pequena habituada já às luzes da cidade, foi a de um homem anónimo encostar o cigarro à lampada puxar um trago limpo e dizer:

"-Que merda de fogo este, nao dá nem para acender um cigarro!"

Rimo-nos os dois quando ele terminou, mas o pensamento foi o que enunciei... bolas... nao existe mais este espanto, esta surpresa, nada é novo já! Nao existem ceifeiras mais...



No primeiro semestre do meu estágio clínico estive em Valência, vivi com um Colombiano. Como bom Colombiano gostava de festas e a casa tinha algumas visitas esporádicas.
Numa dessas visitas um rapaz Venezuelano, querendo acompanhar a bebida social que estavamos a tomar, puxou de um cigarro. Ninguém lá em casa fumava e por muito que procurassemos nao havia nada para o acender.
Entao o moço, desesperado por fumar o seu cigarro, acendeu a placa térmica do fogao e tentou acender o cigarro na placa.
A associaçao com o caso anterior nao me foi imediata mas o a risota foi maior!!
O rapaz com o cigarro intermitente na placa a dar pequenos tragos no filtro com o calor da placa a queimar-lhe a cara e os dedos... foi qualquer coisa de imperdível, fiz uma foto e tudo mas perdi-a!
Deixei-o com a sua demanda e passados uns minutos aparece-me ele de repente, com o cigarro entre o indicador e o dedo médio apontado para cima na minha cara dizendo:

"Vês vês consegui... acendi o cigarro!"

Tinha logrado a vitória!

Realmente... penso agora... a tecnologia está cada vez mais polivalente! E se nao existem ceifeiras mais, certamente nao deixou de haver quem tivesse vícios.

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