Numa destas últimas aulas dizia o Professor:
O Conhecimento evoluiu
muito. Hoje, é impossível alguém, por muito inteligente que seja, conseguir
saber tudo. Por muita inteligência que tenha, essa inteligência nunca será
suficiente para saber tudo. Mais vale concentrar essa inteligência num ponto e
estuda-lo exaustivamente.
Pensei em comentar o que estava a dizer, a aula tinha já
desviado o seu curso e tinha, mas estava a ter a aula no trabalho e não quis
desenvolver um tema que ia atrasar outros que tinham de ser estudados.
Mas este é o paradigma da educação moderna.
Na Grécia Antiga, bem como no seu Renascimento, era
considerado um homem inteligente aquele que soubesse discursar sobre Música,
Filosofia, Política, Desporto, Matemática, Arte… um homem que conseguisse ter
um debate (e ganhar!) sobre os mais variados temas era um homem culto, era um
homem respeitado.
Hoje o paradigma mudou. Procuram-se especialistas, pessoas
que em determinada matéria sejam exímios, ainda que se permitam ser completos
ignorantes em todas as outras. Um homem (ou mulher… isto mudou também,
felizmente) pode saber (quase) tudo o que há para saber sobre o olho mas não
saber nada sob a política externa, ou ser um pianista extraordinário e no
entanto não saber plantar uma batata, a um físico brilhante chega a ser
permitido saber toneladas sobre a física de projeteis mas ser um ignorante no
que toca a idealização de semi-conductores.
Eu concordo com o que disse o Professor, acho que ele tem
razão, mais que isso, acho que este paradigma atual é o ideal para a sociedade
e para as exigências que construímos.
No entanto, apesar de saber isso, apesar de saber que o
sucesso é preenchido por aqueles que se “especializam”, eu, para mim próprio,
gosto mais do modelo Grego/Renascentista.
O meu pai, há vários anos, disse-me “Tu és muito bom em
muita coisa, mas não és excelente em nada!”, explicitando que me devia
focalizar.
Na altura aceitei o comentário como crítica construtiva que
era, hoje penso nele como um elogio.
As minhas áreas de interesse são realmente muito diversas e
se olho para trás, para o percurso que vou fazendo, fico a pensar que realmente
comecei e deixei muitos caminhos que podia ter desenvolvido, feito crescer.
Não me arrependo de nenhum, ao contrário tenho pena de ter
feito mais.
Esta semana estive na festa de graduação da turma deste ano
do King’s Colleage aqui em Tres Cantos (o colégio Inglês de Madrid), o Rider terminou o
secundário, e aos dois melhores alunos do ano foi-lhes permitido um discurso no
início da cerimónia. O rapaz (o outro era uma rapariga) terminou o discurso com
uma frase que não creio eu seja da sua autoria, mas que é acho importante:
Life is no about finding yourself. Life is
about creating yourself.
Sem arrogância ou presunção, apenas com um desejo claro de
busca e definição pessoal, gosto de pensar em mim como alguém cuja única coisa
em que quer ser excelente, é ter a capacidade de ser bom em várias coisas.
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