1 de julho de 2012

O Paradigma da Educaçao Moderna


Numa destas últimas aulas dizia o Professor:

O Conhecimento evoluiu muito. Hoje, é impossível alguém, por muito inteligente que seja, conseguir saber tudo. Por muita inteligência que tenha, essa inteligência nunca será suficiente para saber tudo. Mais vale concentrar essa inteligência num ponto e estuda-lo exaustivamente.

Pensei em comentar o que estava a dizer, a aula tinha já desviado o seu curso e tinha, mas estava a ter a aula no trabalho e não quis desenvolver um tema que ia atrasar outros que tinham de ser estudados.

Mas este é o paradigma da educação moderna.
Na Grécia Antiga, bem como no seu Renascimento, era considerado um homem inteligente aquele que soubesse discursar sobre Música, Filosofia, Política, Desporto, Matemática, Arte… um homem que conseguisse ter um debate (e ganhar!) sobre os mais variados temas era um homem culto, era um homem respeitado.

Hoje o paradigma mudou. Procuram-se especialistas, pessoas que em determinada matéria sejam exímios, ainda que se permitam ser completos ignorantes em todas as outras. Um homem (ou mulher… isto mudou também, felizmente) pode saber (quase) tudo o que há para saber sobre o olho mas não saber nada sob a política externa, ou ser um pianista extraordinário e no entanto não saber plantar uma batata, a um físico brilhante chega a ser permitido saber toneladas sobre a física de projeteis mas ser um ignorante no que toca a idealização de semi-conductores.

Eu concordo com o que disse o Professor, acho que ele tem razão, mais que isso, acho que este paradigma atual é o ideal para a sociedade e para as exigências que construímos.

No entanto, apesar de saber isso, apesar de saber que o sucesso é preenchido por aqueles que se “especializam”, eu, para mim próprio, gosto mais do modelo Grego/Renascentista.

O meu pai, há vários anos, disse-me “Tu és muito bom em muita coisa, mas não és excelente em nada!”, explicitando que me devia focalizar.
Na altura aceitei o comentário como crítica construtiva que era, hoje penso nele como um elogio.

As minhas áreas de interesse são realmente muito diversas e se olho para trás, para o percurso que vou fazendo, fico a pensar que realmente comecei e deixei muitos caminhos que podia ter desenvolvido, feito crescer.

Não me arrependo de nenhum, ao contrário tenho pena de ter feito mais.

Esta semana estive na festa de graduação da turma deste ano do King’s Colleage aqui em Tres Cantos (o colégio Inglês de Madrid), o Rider terminou o secundário, e aos dois melhores alunos do ano foi-lhes permitido um discurso no início da cerimónia. O rapaz (o outro era uma rapariga) terminou o discurso com uma frase que não creio eu seja da sua autoria, mas que é acho importante:

Life is no about finding yourself. Life is about creating yourself.


Sem arrogância ou presunção, apenas com um desejo claro de busca e definição pessoal, gosto de pensar em mim como alguém cuja única coisa em que quer ser excelente, é ter a capacidade de ser bom em várias coisas.

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