30 de julho de 2012

Acabei! Acabei a pos-graduaçao... catano, acabei!
(posso voltar a respirar...)

26 de julho de 2012

Kefir

Hoje é um dia importante na minha vida.
Desde que cheguei a esta casa que sabia que um dia tinha de tomar este passo e hoje foi o dia em que aconteceu.

Partilho a casa com outro ser-vivo!

Tenho um "animal" de estimaçao!!!

Classifica-lo de "animal" nao é bem correcto, mas já la vamos...

Desde que cheguei a esta, a primeira em que vivo sozinho, achei que tinha de anima-la com outra presença que nao apenas eu, um ser que me fizesse companhia!

Um animal tipo cao ou gato é demasiado complexo(!).... para a minha disponibilidade presente, e acho que nao seria eu um bom companheiro!

Pensei numa planta várias vezes, mas as mais bonitas também me parecem muito delicadas e ia morrer de desgosto quando me morressem (que é o que acho que ia acontecer...)

Pois isso fui mais longe, ou mais simples, ainda e tenho agora ao meu cuidado um Kefir!

Neste momento tenho-o ali, escondido no meio do seu substrato leitoso, mas está lá e esta noite já o vou ver quando a nossa relaçao de simbiose tiver começo e eu beber o iogurte que me está a preparar e lhe der a ele mais leite para fermentar.

Tenho uma Bactéria de estimaçao!....................
Mais precisamente é uma bio-matriz de mais de 30 Bactérias e Leveduras diferentes!!!

Mas atençao, que se silenciem os detratores da risada e da paródia porque o Kefir é uma alimento com um uso milenar e com propriedas probioticas reconhecidas e testadas.  Ao pé do Kefir, aquelas coisitas dos bifidus activos sao agua de lavar pratos, ahah.

Diz-se que vem de ha pelo menos 2000 anos atrás (ha quem fale de 4000) das montanhas do Caucaso e há quem diga até que em tempos a unica forma de se viver nos climas agrestes da Sibéria foi beber o soro de Kefir (que é como um iogurte liquido, cremoso e acido), que era a unica forma de obter vitaminas (do complexo B principalmente), sais minerais, acido folico e aminoacidos essenciais à vida.

Consegui Kefir Natural de uma colega de trabalho, nao o que se compra no supermercado, pelo que tenho Kefir para toda a vida se o cuidar devidamente.

Estou muito contente com o meu novo "animal" de estimaçao (como podem ver!), além de sossegado, nao tenho de lhe limpar nada, ao contrario, uso aquilo que me dá!

Para os curiosos deixo-vos este site, nao parece o mais credivel que li, outros têm um ar mais cientifico, mas tem praticamente tudo o que há para saber, e agora a esperar, nao se pode apressar a natureza!

18 de julho de 2012

AutoBus

Autocarro em Espanhol diz-se autobus e em Iglês simplesmente bus.


Eu nao sei se o prefixo Espanhol lhe confere algo de diferente em características ao diminutivo Inglês, mas gostava de partilhar os seguintes episódios:

Passavam alguns minutos das 23 horas e eu apanhava o último autobus de Tres Cantos para Colmenar Viejo.
Na paragem seguinte à qual entrei, um homem embriagado, acompanhado da mulher envergonhada que empurrava um carrinho de bebé, seguida por outra criança perguntou ao condutor num tom arrastado, típico da condiçao:

- Pode-nos levar a Colmenar nao pode?
- Se me paga posso claro!
- Como nao lhe vou pagar homem? Claro que sim! Abra-nos a porta de trás para entrar com o carrinho.

O motorista abriu a porta de trás e o bêbado, decorrida toda a viagem, só foi falar com o motorista (sim ele foi falar com ele) quando saiu do autobus, teve essa gentileza de agradecer com o seu hálito a cevada fermentada e saiu com a família.
Ja tinha poupado uns trocos para mais cerveja, é capaz de ter pensado...

...

Voltava de Oxford para Gatwick, para apanhar o aviao de volta a Madrid.
O condutor do bus, que nao era o mesmo da ida, repetiu as mesmas recomendaçoes de segurança e normas de funcionamento do autocarro que havia antes escutado.
Entre estas poucas normas havia a de que para se falar ao telemóvel o passageiro devia deslocar-se ao fundo do autocarro para nao incomodar os outros passageiros.
Ainda na parte inicial da viagem uma senhora - que no fim percebi ser Espanhola - atendeu o telemovel no seu lugar. Eu nao me teria dado conta se nao se tivesse sucedido o seguinte: o motorista encostou o bus na berma da autoestrada, levantou-se do seu assento e disse que nao saia dali enquanto a senhora nao desligasse o telemovel ou fosse falar para o fundo do autocarro, dito isto voltou-se a sentar no seu lugar!
Em plena autoestrada de autocarro parado em protesto a senhora explicou rapidamente (o que sao capaz de ter sido uns 30 segundos de tensao, acabou por ficar toda a gente expectante) o que lhe tinha sido dito e desliga o telemovel, acto contínuo a chave de igniçao é rodada e o motor faz o bus arrancar.


Acho que as histórias sao auto-explicativas, quando um dia ter alguma alegoria com um autocarro partilho tambem.

15 de julho de 2012

Provérbios 25

Têm sido tempos cheios!
O que mais marcou nas últimas semanas foi a minha visita a Oxford, mais precisamente ao Begbroke Science Park.
A pos-graduaçao está a chegar ao final, tive de fazer umas apresentaçoes, participar nuns workshops e agora tenho até ao final do mês para entregar a minha tese final que é sobre a caracterizaçao de uns bionanosensores.

Ter ido a Oxford foi... ... foi muita coisa! E por muitas coisas é dificil descrever. Foi muito bom, foi muito estimulante, revigorante, foi um sentimento de concretizaçao muito grande.
Visitar as bibliotecas Bodleian, passar o meu cartao de estudante para aceder às zonas interditas ao público em geral e admirar aqueles livros - aquele cheiro dos livros-, entrar na Radcliffe Camera, passar a ponte Magdalen, beber um Pint na Turf Tavern, entrar na Blackwell de Oxford... foi para mim uma semana muito especial e difícil de descrever.

Durante todo este ano, por causa desta mesma pos-graduaçao, só consegui pegar e ler 3 livros (estou na primeira metade do 3º para falar a verdade).

Li "El pequeño libro de las grandes decisiones", um bestseller na Alemanha que é como uma sebenta com 50 métodos para tomar decisoes. Tem métodos conhecidos pela maioria como a pirâmide de Maslow ou a análise SWOT, e muitos outros que nao conhecia e que achei engraçados como o cisne negro. Nao desenvolve nenhum em particular, é mesmo uma pequena sebenta, útil para quem quiser uma base para depois pesquisar e aprofundar.

Li também o "Clarabóia" do Saramago. Adorei o livro. Achei impressionante como ele já escrevia assim quando eu ainda nem era nascido. Um livro que tem tudo aquilo que é Saramago. Um final que espanta, apoteótico e nao tao habitual nos livros que dele li que costumam terminar de forma serena e (como neste) inconclusiva. Sobre este livro gostava de escrever mais, talvez noutra altura.

Estou agora a ler a autobiografia do Nelson Mandela. Um homem que nao posso descrever por nao lhe poder fazer justiça na grandeza. Um livro simples, escrito como se tivessemos o próprio Mandela a contar-nos a sua vida, os seus defeitos de caracter e fracassos, que nao foram poucos e a forma como cresceu e se tornou no que hoje o conhecemos.
Numa destas passagens, iniciais ainda na sua vida, de adolescente campesino que nao sabia ainda comer com talheres a jovem adulto que chegado a Joanesburgo conheceu outra realidade, outra visao do mundo real. Numa dessas passagens de consciência ainda prematura - e consequentemente ainda ingénua - Mandela partilha um provérbio do seu povo xossa:

Ndiwelimilambo enamagama


Que segundo ele pode ser traduzido como "Já atravessei grandes rios" e que quer dizer que a pessoa viajou muito, que tem uma larga experiência de vida e a sabedoria que daí advém.

1 de julho de 2012

O Paradigma da Educaçao Moderna


Numa destas últimas aulas dizia o Professor:

O Conhecimento evoluiu muito. Hoje, é impossível alguém, por muito inteligente que seja, conseguir saber tudo. Por muita inteligência que tenha, essa inteligência nunca será suficiente para saber tudo. Mais vale concentrar essa inteligência num ponto e estuda-lo exaustivamente.

Pensei em comentar o que estava a dizer, a aula tinha já desviado o seu curso e tinha, mas estava a ter a aula no trabalho e não quis desenvolver um tema que ia atrasar outros que tinham de ser estudados.

Mas este é o paradigma da educação moderna.
Na Grécia Antiga, bem como no seu Renascimento, era considerado um homem inteligente aquele que soubesse discursar sobre Música, Filosofia, Política, Desporto, Matemática, Arte… um homem que conseguisse ter um debate (e ganhar!) sobre os mais variados temas era um homem culto, era um homem respeitado.

Hoje o paradigma mudou. Procuram-se especialistas, pessoas que em determinada matéria sejam exímios, ainda que se permitam ser completos ignorantes em todas as outras. Um homem (ou mulher… isto mudou também, felizmente) pode saber (quase) tudo o que há para saber sobre o olho mas não saber nada sob a política externa, ou ser um pianista extraordinário e no entanto não saber plantar uma batata, a um físico brilhante chega a ser permitido saber toneladas sobre a física de projeteis mas ser um ignorante no que toca a idealização de semi-conductores.

Eu concordo com o que disse o Professor, acho que ele tem razão, mais que isso, acho que este paradigma atual é o ideal para a sociedade e para as exigências que construímos.

No entanto, apesar de saber isso, apesar de saber que o sucesso é preenchido por aqueles que se “especializam”, eu, para mim próprio, gosto mais do modelo Grego/Renascentista.

O meu pai, há vários anos, disse-me “Tu és muito bom em muita coisa, mas não és excelente em nada!”, explicitando que me devia focalizar.
Na altura aceitei o comentário como crítica construtiva que era, hoje penso nele como um elogio.

As minhas áreas de interesse são realmente muito diversas e se olho para trás, para o percurso que vou fazendo, fico a pensar que realmente comecei e deixei muitos caminhos que podia ter desenvolvido, feito crescer.

Não me arrependo de nenhum, ao contrário tenho pena de ter feito mais.

Esta semana estive na festa de graduação da turma deste ano do King’s Colleage aqui em Tres Cantos (o colégio Inglês de Madrid), o Rider terminou o secundário, e aos dois melhores alunos do ano foi-lhes permitido um discurso no início da cerimónia. O rapaz (o outro era uma rapariga) terminou o discurso com uma frase que não creio eu seja da sua autoria, mas que é acho importante:

Life is no about finding yourself. Life is about creating yourself.


Sem arrogância ou presunção, apenas com um desejo claro de busca e definição pessoal, gosto de pensar em mim como alguém cuja única coisa em que quer ser excelente, é ter a capacidade de ser bom em várias coisas.